Prefeitura reforça ações de conscientização e diagnóstico precoce da hanseníase no ‘Janeiro Roxo’

Por Prefeitura de Manaus

04/01/2024 16h28

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Campanha Janeiro Roxo #paratodosverem – Servidora municipal de saúde examinando idoso em sua residência durante a campanha Janeiro Roxo

Doença milenar conhecida por afetar a pele e os nervos, a hanseníase hoje tem cura, que é mais fácil e rápida quanto mais cedo a infecção for identificada e tratada. Visando fortalecer o diagnóstico precoce e a conscientização sobre a doença, a Prefeitura de Manaus promove a campanha “Janeiro Roxo”, com a ampliação da oferta de exames e ações de busca ativa e de educação em saúde nas unidades da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).

Como parte da mobilização, as unidades da rede municipal de saúde vão ampliar a oferta de exames dermatológicos e promover palestras e rodas de conversa com usuários sobre a hanseníase, seus sintomas e tratamento. As ações de busca ativa de novos casos e testagem de contatos também terão reforço durante a campanha, que será aberta oficialmente na terça-feira, 9/1, na clínica da família Carmen Nicolau, no bairro Lago Azul, zona Norte.

A técnica do Núcleo de Controle da Hanseníase da Semsa, Eunice Jacome, assinala a importância de se ampliar a visibilidade da doença entre a população e estimular o diagnóstico precoce. Ela ressalta que muitas pessoas veem a hanseníase como algo distante da realidade e deixam de buscar ajuda quando apresentam manchas de pele insensíveis ou outros sintomas associados à infecção.

“Uma parte significativa dos novos casos é de pessoas diagnosticadas já com grau elevado de comprometimento da capacidade física, por conta de preconceito ou ignorância em relação à doença”, avalia a técnica. Ela aponta que Manaus teve, em 2023, uma incidência de 4,78 casos a cada 100.000 habitantes, estando 15% dos novos casos já no grau II de incapacidade física, a fase mais avançada da doença.

Eunice destaca, como novidade nas ações de prevenção, a oferta do teste rápido na detecção de anticorpos da hanseníase na rede básica de saúde. Voltado a pessoas consideradas contatos de casos novos da doença, o exame foi incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) no ano passado e, desde dezembro, está disponível em sete unidades de referência da rede municipal.

“Ele não é um exame de diagnóstico, mas sim aponta se o contato tem maior risco de desenvolver a doença. Isso permite que possamos monitorar aquele contato ao longo do tempo e ter um diagnóstico e tratamento precoce, caso haja desenvolvimento da infecção”, explica.

Conforme Eunice, a testagem estará disponível inclusive aos sábados e domingos na clínica Carmen Nicolau, que é uma das sete unidades de referência, ao lado da Carlson Gracie (zona Norte); Senador Severiano Nunes e Lago do Aleixo (zona Leste); Lúcio Flávio (zona Sul); e Leonor de Freitas e Lindalva Damasceno (zona Oeste).

Doença e fluxos

Causada pelo bacilo de Hansen (Mycobacterium leprae), a hanseníase é uma doença infecciosa crônica, transmitida por meio de secreções nasais, tosses ou espirros de pessoas infectadas. Os sintomas iniciais surgem após um período de 2 a 7 anos da contaminação, e incluem manchas na pele, em geral com alteração de sensibilidade; redução da força muscular; dores nas articulações; ressecamento do nariz e dos olhos; inchaço nas mãos e pés, entre outros.

Conforme Eunice, pessoas com algum sintoma de hanseníase podem buscar qualquer unidade básica para fazer o exame dermatológico com um enfermeiro ou técnico de enfermagem. Em casos suspeitos, o usuário é encaminhado a um médico da unidade, que dará o diagnóstico, com o apoio de especialistas do Núcleo de Controle da Hanseníase, quando necessário.

A técnica assinala o reforço da atenção à doença na rede primária, com ampliação no acompanhamento dos usuários nos últimos anos. “Antes, os casos suspeitos eram encaminhados para o dermatologista via Sisreg (Sistema de Regulação). Desde 2021 nós fazemos esse diagnóstico, e agora o paciente é acompanhado e tratado na própria unidade, em boa parte dos casos”, relata.

Graças a esse matriciamento de casos na rede básica, explica Eunice, a Semsa hoje acompanha 35% dos casos em suas unidades; antes, o percentual era de 15%. “Isso contribuiu para reduzir o abandono do tratamento pelos pacientes. A adesão é essencial, pois a pessoa que não se trata continua transmitindo, e a doença continua afetando os nervos, causando danos às vezes de difícil reversão”.

O tratamento da doença é gratuito e inclui antibióticos específicos, administrados por um período de 6 a 12 meses. A primeira dose elimina os bacilos e interrompe a transmissão. “É crucial que as pessoas em contato próximo com o paciente sejam examinadas, por meio de avaliação dermatoneurológica e teste rápido para detecção de anticorpos, para diagnóstico e tratamento precoce”, reforça Eunice.

Programação

A abertura oficial da campanha “Janeiro Roxo” da Semsa ocorrerá na terça-feira, 9/1, na clínica Carmen Nicolau, mas as atividades já iniciaram nas unidades de saúde da pasta, com a oferta de exames dermatológicos e a realização de palestras e rodas de conversa com os usuários com enfoque na hanseníase.

A ação abrange ainda a aplicação de questionários de suspeição de hanseníase (QSH), que iniciou ainda no último dia 18/12, e segue até o próximo dia 12/1, em bairros mapeados pela secretaria, com maior incidência de casos. Os questionários são voltados principalmente para os contatos de pessoas diagnosticadas com a doença.

A Semsa promove o “Janeiro Roxo” em parceria com a Fundação Hospitalar Alfredo da Matta (Fuham) e o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan). Em conjunto com este último, a secretaria realiza uma caminhada no bairro Colônia Antônio Aleixo, na zona Leste, no dia 31/1, marcando o encerramento da mobilização.

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Texto – Jony Clay Borges / Semsa

Foto – Divulgação / Semsa