Prefeitura apresenta estratégias da rede básica no controle da hanseníase a gestores de saúde de Angola
28/10/2024 11h30


Em visita a Manaus, na última semana de agosto, representantes do Ministério da Saúde de Angola conheceram ações e estratégias desenvolvidas pela Prefeitura de Manaus para o controle da hanseníase, como parte da cooperação entre os dois países no combate à doença. Durante a agenda na capital, concluída na sexta-feira, 30/8, autoridades e técnicos do país africano visitaram unidades da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) e acompanharam atividades de vigilância em saúde e de atenção a pessoas com hanseníase conduzidas na rede básica.
Ao lado de representantes do Ministério da Saúde, a comitiva angolana conversou com gestores e técnicos locais, conhecendo ações realizadas nas redes municipal e estadual de saúde no combate à hanseníase. Na rede básica, o grupo visitou a sede do Distrito de Saúde Oeste da Semsa, para conhecer a rotina de vigilância em saúde local, além da Unidade de Saúde da Família (USF) Parque das Tribos, na zona Oeste, e da USF Lago do Aleixo, zona Leste, onde acompanhou os fluxos de atendimento a usuários com a doença na atenção primária.
Integrante da comitiva, o coordenador nacional contra a hanseníase da Angola, Ernesto Afonso Mansoni, reafirmou o interesse do país africano em aprender e trocar experiências com as equipes de saúde do Brasil, a partir da cooperação em saúde entre os dois países, com vistas ao aprimoramento do programa angolano de controle da hanseníase.
“Nessa viagem ao Amazonas, pudemos aprofundar conhecimentos e avaliar o que serve para nós. Pudemos ver como as pessoas são comprometidas e dedicadas, e saímos daqui com lições aprendidas e uma experiência bem ganha”, disse, expressando gratidão pela boa acolhida durante a passagem pela capital amazonense.
Para a gerente de Vigilância Epidemiológica da Semsa, Viviana Cláudia Almeida, a inclusão de Manaus no roteiro definido pelo Ministério da Saúde para a visita angolana demonstra o bom trabalho desenvolvido no cenário local no enfrentamento da doença crônica.
“Foi um reconhecimento do trabalho bem estruturado que conduzimos, com articulação entre o Núcleo de Controle da Hanseníase da Semsa e Distritos de Saúde, e em parceria com a Fuham. Isso evidencia Manaus no cenário nacional em se tratando de ações e estratégias nessa área”, afirmou a gerente.
Além de Ernesto Mansoni, participaram da visita a Manaus ainda Maria Salomé Amaro e Miguel Miranda, também do Ministério da Saúde de Angola; e o coordenador-geral de Vigilância da Hanseníase e Doenças em Eliminação do Ministério da Saúde do Brasil, Ciro Martins Gomes, ao lado de representantes e técnicos do órgão federal.

Estratégias
As estratégias de atenção e vigilância desenvolvidas na rede básica estiveram entre os assuntos que chamaram a atenção das autoridades de saúde angolanas na visita a Manaus.
Conforme Viviana Almeida, os visitantes tiveram boa impressão acerca da capilaridade do serviço de diagnóstico na rede municipal. Desde 2021, usuários com algum sintoma de hanseníase podem ir a qualquer unidade básica para um exame dermatológico com profissional de enfermagem. Em casos suspeitos, a pessoa é encaminhada a um médico da unidade, que dará o diagnóstico, quando necessário com o apoio de especialistas do Núcleo de Controle da Hanseníase.
“Eles ficaram bem impactados com o número de unidades de saúde da rede básica, e com o fato de que todas têm capacidade de fazer o diagnóstico”, relatou a gerente.
As ferramentas de vigilância da doença empregadas pelas equipes de Saúde da Família também despertaram o interesse do grupo da Angola, como apontou a chefe do Núcleo de Controle da Hanseníase da Semsa em exercício, Monize Adelino. Ela cita, entre outras, os questionários de suspeição em hanseníase, aplicados em localidades com indicação de caso suspeito, e do autoexame de pele virtual, utilizado para avaliar e detectar possíveis casos entre alunos e pais de creches e escolas, dentro do Programa Saúde na Escola (PSE).
“Eles se mostraram muito interessados e, pelo que relataram durante a visita, esperam poder adaptar as estratégias para a realidade do país deles”, contou a servidora.
Monize assinalou ainda a satisfação dos representantes do Ministério da Saúde com os resultados do município no tratamento de usuários com hanseníase, bem como na vigilância e monitoramento de contatos, que inclui a aplicação do teste rápido entre pessoas que têm ou tiveram convívio com casos novos até os últimos cinco anos. Para a gestora, o reconhecimento do órgão de saúde contribuiu para a valorização das equipes de saúde locais que atuam na atenção à doença.
“Só o fato de Manaus ser apresentada como referência nessa área nos faz sentir valorizados, tanto nós do Núcleo de Controle como as equipes dos distritos e unidades de saúde que fazem parte desse trabalho. Para todos nós, como secretaria, somos gratos, afirmou.

Doença
A hanseníase é uma infecção crônica, causada pelo bacilo de Hansen (Mycobacterium leprae) e conhecida por afetar a pele e os nervos. Os sintomas iniciam de dois a sete anos após a contaminação e incluem manchas na pele, em geral com alteração de sensibilidade; redução da força muscular; dores nas articulações; entre outros.
Em Manaus, até o mês de setembro deste ano, 18 casos novos da doença foram diagnosticados na rede municipal de saúde. Em 2023, o quantitativo foi de 18 casos, conforme dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.

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Texto – Jony Clay Borges/Semsa
Fotos – Divulgação/Semsa