Diagnóstico precoce e cuidados preventivos são destaques nas campanhas da prefeitura de combate à sífilis e ao câncer de mama
09/10/2025 16h05


Com o compromisso de alertar sobre o cuidado com a saúde, a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), abriu, nesta quinta-feira, 9/10, as campanhas “Outubro Rosa” e “Outubro Verde”, que reforçam a importância da prevenção do câncer de mama e do combate à sífilis.
A abertura foi realizada pela titular da Semsa, Shádia Fraxe, na Unidade de Saúde da Família (USF) Leonor de Freitas, no bairro Compensa, zona Oeste, e também contou com a presença do subsecretário de Gestão da Saúde, Djalma Coelho, do subsecretário de Gestão Administrativa e Planejamento, Nagib Salem, e de gestores, servidores e usuários da saúde municipal.
Ao destacar a importância das duas mobilizações, a secretária Shádia Fraxe explicou que as duas campanhas serão desenvolvidas em todas as unidades de saúde, com uma série de ações e serviços que englobam a oferta de exames, procedimentos e um amplo trabalho de sensibilização para o autocuidado. Shádia acentuou que é fundamental que todos se engajem nesses movimentos.
“Com relação ao ‘Outubro Rosa’ informamos que nossos servidores estão em busca da população feminina porque os números tem nos preocupado. Já no ‘Outubro Verde’, que enfoca a sífilis, vamos reforçar a necessidade de preservativos nas relações sexuais e dos testes rápidos, disponíveis gratuitamente na rede municipal”, disse a secretária, explicando que a doença é assintomática no início e pode comprometer a vida de uma pessoa, mas tem tratamento e cura.
‘Outubro Rosa’
Na abertura da programação, a chefe da Divisão de Atenção à Saúde da Mulher, Lúcia Freitas, destacou que o câncer de mama é o segundo mais incidente no segmento feminino (na região Norte, o câncer do colo do útero é o primeiro), mas que se detectado em seu estágio inicial, por meio da mamografia, as chances de cura são elevadas.
“Nós trabalhamos com o rastreio, ou seja, a busca pelo grupo de risco, que de acordo com o Ministério da Saúde, são as mulheres na faixa etária de 50 a 74 anos, que precisam fazer mamografia a cada dois anos”. Lúcia explica que nessa faixa etária os casos de lesões precursoras do câncer costumam ser altos. “Se a gente detectar esse nódulo em seu estágio inicial, confirmar o diagnóstico por meio de biópsia e o tratamento foi iniciado de imediato, as chances de cura são de 95%, o que muda totalmente o impacto da doença”, resumiu.
Neste ano, o Ministério da Saúde orienta que o exame seja feito também por mulheres de 40 a 49 anos, após avaliação e decisão compartilhada com um profissional de saúde (médico).
Para o segmento feminino de 50 a 74 anos, grupo considerado de risco para o desenvolvimento da doença, é recomendado o rastreio com a realização de uma mamografia a cada dois anos.
Estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indica que em Manaus ocorram 420 casos novos da doença em cada ano do triênio de 2023 a 2025. “É um cenário preocupante, mas que pode ser alterado positivamente se a doença for descoberta em sua fase inicial”, reiterou Lúcia Freitas.
Fluxo
O fluxo para assegurar a realização da mamografia começa na porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), que é a rede primária de assistência à saúde. Ao ir a uma unidade da Semsa, a usuária inicia o seguimento necessário para que o exame aconteça.
Além das unidades convencionais, a mamografia também é ofertada pelas cinco Unidades Móveis de Saúde da Mulher que percorrem todas as zonas geográficas da cidade. Basta passar por uma consulta médica ou de enfermagem nas próprias unidades, para que a partir de cada situação relatada pelas pacientes, o profissional de saúde solicite a realização do exame.
‘Dia D’
A programação do “Outubro Rosa” também prevê um sábado com intensificação dos serviços nas Unidades Móveis de Saúde da Mulher e também nos estabelecimentos de saúde que funcionam em horário ampliado em todos os Distritos de Saúde (Disas) da Semsa.
No Disa Norte, as equipes de saúde vão reforçar os serviços de rastreio do câncer de mama e do colo do útero nas USFs Major PM Sálvio Belota e Carmen Nicolau.
No Disa Sul, as atividades ficarão concentradas nas USF José Rayol dos Santos. Já no Disa Leste, os serviços serão realizados pelas USFs Alfredo Campos e Amazonas Palhano.
No Disa Oeste, a população feminina pode buscar os serviços de saúde nas USFs Leonor de Freitas e USF Deodato de Miranda Leão.
As usuárias que residem na zona rural de Manaus podem ir até a USF Ada Viana.
‘Outubro Verde’
No “Outubro Verde”, a Semsa chama a atenção sobre os riscos da sífilis e da sífilis congênita, reforçando as ações de prevenção e controle, com a oferta de teste rápido para o diagnóstico da infecção, dispensação de preservativos e promovendo atividades educativas sobre práticas seguras para evitar as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), a importância do diagnóstico precoce e do tratamento em tempo oportuno.
A campanha é organizada anualmente para marcar o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita, instituído no terceiro sábado do mês de outubro, com programação executada por profissionais das unidades de saúde da rede municipal.
A sífilis é a IST que mais atinge a população no município de Manaus, tendo impacto principalmente entre jovens de 15 a 29 anos, e em gestantes, sendo considerada uma epidemia em nível nacional. Uma das principais preocupações é em relação à transmissão vertical, da mãe para o bebê durante a gestação, que pode causar a sífilis congênita, com sérios danos à saúde da criança.
A enfermeira Ylara Enmily Costa, técnica do Núcleo de Controle de HIV/Aids, Infecção Sexualmente Transmissível (IST) e Hepatites Virais da Semsa, ressalta que a sífilis é uma infecção sexualmente transmissível que pode atingir pessoas sexualmente ativas de todas as idades e que, na gravidez, pode trazer desfechos negativos extremamente preocupantes para a criança, incluindo risco ao aborto.
“No mês de outubro todas as unidades da Semsa vão intensificar as ações de prevenção, diagnóstico e tratamento que ofertamos durante todo o ano, mas esse esforço será aliado a um forte trabalho de educação em saúde, dentro e fora das unidades para enfatizamos a importância do autocuidado em saúde”, assinalou.
Ylara reitera que fatores como o início precoce da vida sexual, baixa adesão ao uso de preservativos e dificuldades de acesso à testagem e ao tratamento podem contribuir para o aumento da transmissão da infecção.
Em 2025, o município de Manaus registrou 2.479 casos notificados de sífilis adquirida (adultos em geral), além de 1.571 de sífilis em gestantes e 222 casos de sífilis congênita em recém-nascidos.
As complicações de sífilis congênita incluem aborto espontâneo, parto prematuro, malformação do feto, alterações nos ossos, cegueira, surdez, deficiências intelectuais e morte do recém-nascido. A sífilis congênita também pode ser evitada com o tratamento da gestante no pré-natal.
O diagnóstico precoce é essencial para o tratamento e cura do paciente, o que vai interromper a cadeia de transmissão. Após os sintomas iniciais, a sífilis apresenta uma fase assintomática, ou seja, não apresenta sinais e sintomas, e as pessoas não sabem que têm a infecção e por isso a oferta do teste rápido é essencial no controle da doença.
Anualmente, são realizados mais de 200 mil testes para sífilis em Manaus. Entre janeiro e agosto de 2025, foram realizados 96 mil testes para sífilis no município. Os dados da Semsa mostram ainda que somente em gestantes e parceiros foram realizados 26 mil testes.
Infecção
A sífilis é uma IST causada pela bactéria Treponema pallidum e é transmitida por relação sexual sem uso de camisinha. Em 2024, foram registrados 3.772 casos de sífilis adquirida, que é notificada quando o paciente tem idade superior a 13 anos, excluindo gestantes. Houve ainda o registro de 1.683 casos de sífilis em gestante e 354 de sífilis congênita.
Na fase primária da infecção, o sintoma apresentado é uma ferida que pode surgir no pênis, vagina, ânus, vulva e colo uterino, em até 90 dias depois do contágio. Em uma fase terciária, que pode ter manifestação até 40 anos depois de iniciada a infecção, os sintomas incluem lesões ósseas, neurológicas e cardiovasculares, com a possibilidade de levar o paciente ao óbito.
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Texto – Eurivânia Galúcio e Tânia Brandão/Semsa
Fotos – Thiago Rodrigues/ Semsa
Disponíveis em – https://flic.kr/s/aHBqjCwWT6