Polo digital consolida restauração histórica e arquitetura inovadora no Centro
01/10/2020 15h30

A obra de restauro do antigo hotel Cassina é um dos projetos mais emblemáticos da gestão do prefeito Arthur Virgílio Neto, dentro do programa “Manaus Histórica”, executado com recursos próprios da Prefeitura de Manaus. A obra do futuro Polo Digital Cassina é o encontro de uma restauração histórica com a arquitetura de reutilização adaptativa, em quatro pavimentos e uma área de quase 1.600 metros quadrados. A construção está mais de 80% concluída.
Com o pensamento de empoderar a capital de um espaço eficaz para as pessoas e negócios, preservando a história do ambiente construído, suas marcas e beleza, que o projeto se torna único e atraente. A intervenção proposta para o prédio está criando um imóvel resolutamente contemporâneo, porém em harmonia com o patrimônio. As três fachadas, antes tomadas pelo abandono de anos e pela vegetação, fazem parte do imaginário do manauara.
Para o prefeito Arthur Neto, o Polo Digital Cassina será o responsável por elevar o patamar de Manaus e sua competitividade no segmento. É uma obra que coroa o que sua gestão buscou nos últimos oitos anos. “O centro histórico e sua valorização sempre estiveram presentes, com resgate de sua história, identidade e cultura. E o antigo hotel Cassina, completamente revitalizado, ocupava um lugar especial nesse sonho, transformando-se num templo da economia 4.0, com um polo de alto conteúdo tecnológico”, avaliou.
A obra é tão emblemática que despertou interesse internacional. A cidade de Manaus foi escolhida pela Estônia, país do norte da Europa considerado o mais digital do planeta, para desenvolver projetos de inovação tecnológica, o chamado “pick up point”, a partir do Polo Digital Cassina. A expectativa é que com a parceria com a Estônia, Manaus possa desenvolver negócios com outros países europeus.
A obra
Para perpetuar a imagem antiga, o prédio, localizado na rua Bernardo Ramos, na confluência das ruas Governador Vitório e Frei José dos Inocentes, receberá vegetação exuberante e tropical, com um jardim criado por trás da fachada histórica que faz frente à praça Dom Pedro II. A fachada nova inteiramente envidraçada será, portanto, erguida num plano recuado em relação a fachada existente, o que irá evidenciar e valorizar mais o perfil histórico de décadas.
“Além das fachadas marcantes da edificação serem preservadas com suas características originais, o projeto prevê a limpeza, a consolidação e a proteção de uma característica original e específica do antigo hotel Cassina: o edifício é o último representante em Manaus de fachada com argamassa pigmentada com pó de pedra jacaré”, explica o autor do projeto, o arquiteto Laurent Troost, diretor de Planejamento do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb).
Essa técnica original usada para o acabamento das paredes externas consiste num tipo de argamassa aplicada para nivelamento da parede, que já é pigmentada com uma cor geralmente forte. Esse processo geralmente era aplicado em prédios públicos e estabelecimentos mais nobres e tinha a função de dar um destaque maior para o prédio entre as outras edificações, valorizando e causando imponência.
O Polo Digital Cassina terá um subsolo para abrigar todas as funções técnicas, assim como a sala de formação, enquanto o térreo abrigará a recepção, um lounge e as principais salas de reunião e laboratórios. O primeiro pavimento propõe duas salas de reunião e um plano de trabalho aberto. O pavimento superior apresenta um espaço para café/restaurante recuado em relação ao plano das fachadas, com vista privilegiada aos usuários, que vão poder olhar a praça Dom Pedro II e suas copas de árvores, o Teatro Amazonas, o centro histórico, o Museu da Cidade e o rio Negro, a partir do terraço panorâmico.
Jardins
Os jardins vão criar áreas de contemplação e de circulação, servindo como área de transição entre a praça de tipo “jardim romântico” e a intervenção contemporânea no coração do hotel Cassina; uma passagem entre a história e o futuro. Além de criar um microclima, favorecendo a ventilação natural, esse pátio tropical será também a oportunidade para todos os usuários, acessando o Polo Digital Cassina pela passarela, cruzando o vazio sobre o jardim, de ser lembrados da razão intrínseca da cidade de Manaus: a floresta.
“Entramos na fase final e os próximos serviços serão concentrados nas instalações de esquadrias, vidros, revestimentos, pintura, acabamentos, testes e subestação. Teremos um prédio belíssimo, revitalizado, de bem como o seu entorno”, disse o diretor-presidente do Implurb, Cláudio Guenka.
A obra tem projeto licitado pelo Implurb e aprovado junto ao Instituto de Patrimônio Histórico Nacional (Iphan). O projeto é de autoria do arquiteto Laurent Troost, tendo uma equipe de apoio e referência: Rejane Gaston, Juliana Leal, Erick Saraiva, Nayara Mello, Eloisa Serrão, Elter Brito, Victor Marques, Marcelo Costa, Ingrid Maranhão Tiago, Eduardo Correa, Amanda Perreira e Fernanda Martin.
Um pouco de história
Até meados de 2019, o prédio do hotel Cassina encontrava-se sem nenhuma atividade, os vãos inferiores das fachadas foram todos fechados com alvenaria, para evitar vandalismo, e a parte interna foi toda tomada por vegetação de pequeno e grande porte. Em setembro do ano passado, a Prefeitura de Manaus iniciou a limpeza da vegetação na parte interna do antigo Hotel Cassina.
O prédio do Cassina é um belo exemplar da arquitetura eclética, por apresentar ornatos e detalhes com influência de vários estilos. Ele foi construído em 1899 e recebeu o nome em razão de seu proprietário chamar-se Andrea Cassina, um comerciante italiano que atuava com o extrativismo da borracha. Foi o primeiro estabelecimento de hospedagem de 1ª classe em Manaus, recebendo como hóspedes desde ricos comerciantes, atores teatrais famosos, políticos, coronéis de barranco até seringalistas.
O hotel Cassina atendia às classes mais privilegiadas, concorrendo com muitos outros estabelecimentos tão requintados como o American Hotel, Hotel Familiar, Grand Hotel, Hotel do Comércio, Internacional Hotel, Hotel Estrela do Norte. Durante anos, foi considerado um dos principais points da capital.
Já em 1930, com longos anos de estagnação social e econômica, a mobília luxuosa do hotel do Andrea Cassina foi a leilão. O prédio se transformou em pensão, e progressivamente decadente virou o “Cabaré Pé de Chinelo”, que funcionou lá pelo menos até 1957. Há uma lacuna na história da edificação, que acabou, como outros patrimônios da Belle Époque, abandonado.
Os primeiros registros do edifício como ruína aparecem a partir de 1974 e na década de 80, evidências mostram um edifício que começa a ser invadido pela vegetação.
Texto – Claudia do Valle / Implurb
Fotos – Ingrid Anne / Semcom
Disponíveis em – https://flic.kr/s/aHsmR8iwMf