Semed capacita professores para inclusão de alunos com deficiência visual
08/04/2014 17h53

Cerca de 90 alunos com deficiência visual são atendidos pelas escolas da Secretaria Municipal de Educação (Semed). Esses estudantes são cegos ou têm baixa visão e os professores deles recebem assessoramento e formação pedagógica por meio do Projeto Atendimento Educacional Especializado. Os professores aprendem a lecionar por meio de sistemas como o Braille, para incluir alunos com deficiência no ensino regular.
O Braille é um sistema de leitura com o tato para deficientes visuais. Nesta terça-feira, 08, em todo o Brasil é comemorado o Dia Nacional do Sistema Braille, uma iniciativa que se tornou lei em 2010.
De acordo com a pedagoga Cátia de Lemos, que é deficiente visual, o Projeto Atendimento Educacional Especializado atua com três principais frentes de trabalho, a primeira é o atendimento com as crianças, a segunda é a formação de professores capacitados e a ultima é a orientação aos pais.
“Essas três frentes de trabalho são as básicas para que possamos desenvolver um bom trabalho. O projeto é do Ministério da Educação (MEC) e tem como principal objetivo a inclusão social dos alunos cegos ou com baixa visão que possam estudar em escolas de ensino regular com outros alunos que não tenham esse tipo de deficiência”, relatou.
Para a formação de professores, a pedagoga informou que as aulas são aplicadas em módulos, sendo dois dias voltados para alunos com baixa visão, dois dias para aula sobre o Sistema Braille e dois dias sobre Soroban. Este último é um instrumento japonês usado para a aprendizagem do cálculo apenas com as mãos. Há ainda, dois dias de capacitação sobre Tecnologia Assistiva, recursos e serviços usados para contribuir e ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência para promover a inclusão social.
O projeto Atendimento Educacional Especializado, que teve início na rede municipal de Manaus em 2003, quando ainda tinha o nome de Educar na Diversidade, atende a 70 escolas, sendo escolas de ensino regular, além da Escola Municipal de Educação Especial André Vidal de Araújo. Dos nove assessores pedagógicos da equipe responsável por aplicar o projeto, cinco deles são cegos, segundo Lemos.
“A presença desses profissionais é de extrema importância, pois passa credibilidade quando chegamos nas escolas para passar o projeto aos professores, pais e alunos. Eles podem ver que os professores, por serem cegos, já tem certa experiência para repassar”, salientou.
A dona de casa Patrícia de Paiva é mãe da aluna Neiliene Alves Cordeiro, de 10 anos, que tem deficiência visual e já recebe o acompanhamento pedagógico. “Ela nasceu com problema de visão, a vista dela é baixa e não consegue enxergar o conteúdo do quadro, ela tinha vergonha de falar que não estava conseguindo acompanhar o conteúdo passado para os coleguinhas e acabava se atrasando no aprendizado. Agora, com esse projeto, com esse acompanhamento esperamos que ela tenha uma evolução no aprendizado. É um projeto maravilhoso para as crianças que realmente precisam”, explicou.
Para trabalhar com alunos deficientes visuais em sala de aula, o projeto recebe do MEC alguns materiais essenciais para os alunos, como lápis adaptados, material em Braille e bengala. O projeto também é responsável pela criação de materiais especiais, como livros programas de computadores.
Texto: João Pedro Figueiredo
Fotos: Rodemarques Abreu