Melhores práticas para o parto e nascimento são discutidas em Manaus
23/06/2016 16h57

Debater estratégias e experiências de enfrentamento às dificuldades provenientes de um modelo de atenção caracterizado pelo uso excessivo de medicalização, práticas invasivas e pouca participação da rede de apoio da parturiente. Esse é o objetivo do “Seminário Norte sobre Parto e Nascimento” que acontece até esta sexta-feira, 24, na sede da Fiocruz-Amazônia, zona Centro-Sul da capital.
O evento, que é promovido pela Universidade do Estado do Amazonas, em parceria com o Instituto Leônidas e Maria Deane/Fiocruz, reúne gestores e trabalhadores da saúde, estudantes de graduação e pós-graduação da área. A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) também contribui com as discussões por meio de palestrantes.
O secretário da Semsa, Homero de Miranda Leão Neto, participou da abertura dos trabalhos e destacou que 100% das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) realizam o pré-natal. Mesmo assim, é algo que ainda precisa ser reforçado, pois não se trata apenas da oferta, mas da procura por esse serviço.
“Infelizmente temos casos de mães muito jovens em que esta prática é esquecida e até negligenciada. Hoje nossa cobertura é de 47%, no ano passado foi 46%. Um ponto percentual pode parecer pouco, mas é um aumento importante”, informou o secretário.
Ainda segundo Homero, o pré-natal está sendo reforçado na Atenção Básica. “Estamos ampliando o pré-natal com a participação do clínico geral e não apenas do ginecologista-obstetra. A ideia é buscar a proteção da criança e da mãe no pré-natal, evitando que doenças mais graves surjam depois do nascimento”, enfatizou.
Referência
A chefe do Núcleo de Saúde da Criança e do Adolescente, Ivone Amazonas, destacou, ainda, o trabalho desenvolvido na Maternidade Moura Tapajóz, da rede municipal de saúde. A unidade tem o título de Hospital Amigo da Criança e é reconhecida pelas boas práticas do parto e nascimento.
Em dezembro de 2015, a Moura Tapajós registrou o índice de 69% de partos normais, superando a meta estabelecida para o ano, que era de 55%. O resultado deriva de diversas ações implementadas pela Semsa, que envolveram sensibilização, conscientização e incentivo do corpo clínico.
Entre as diretrizes adotadas está a definição de protocolos a serem seguidos pelos ginecologistas-obstetras, utilização dos manuais do Ministério da Saúde e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, realização de cursos de atualização e aperfeiçoamento de todos os profissionais.
O diretor da unidade, Geraldo Felipe Barbosa, explica que foi instituída a obrigatoriedade da inclusão, no prontuário das pacientes, do Consentimento Livre e Informado e a abertura do Partograma – representação gráfica da evolução do trabalho de parto, além da sensibilização de todos os profissionais das vantagens do parto normal. Também foram instituídas as discussões de casos clínicos e análises de condutas adotadas por amostragem.
“A Organização Mundial de Saúde tem como índices ideais a serem atingidos, em maternidades de baixa e média complexidade, entre 15 a 16% de cesáreas. As dificuldades em atingir essas recomendações estão relacionadas a fatores como idade da paciente – cujos extremos representam um maior índice de complicações, qualidade do pré-natal – incluindo as comorbidades detectadas e o início tardio do mesmo, além das condutas pré-concepcionais”, avaliou Barbosa.
Na maternidade, existem visitas de vinculação, semanalmente agendadas. As pacientes, que são encaminhadas pelas unidades de saúde, fazem uma visita tutorial aos setores, participam de palestras que orientam sobre a postura durante o trabalho de parto, sobre direitos reprodutivos, normas e comportamento enquanto durar a internação e sobre protocolos assistenciais e cuidados com os recém-nascidos.
Vantagens do parto normal
O parto normal é a via natural de nascimento. Entre as vantagens estão a diminuição de riscos que todo procedimento cirúrgico pode trazer como infecções, cicatrizes não estéticas, aderências pélvicas, lesões de vísceras, propagação endometriótica, além da retirada de feto imaturo.
Traz vantagens tanto para a mãe como para o recém-nascido. A mãe libera mais rapidamente os compostos do leite materno, contribuindo para o sucesso do aleitamento. Tem uma recuperação mais rápida, podendo voltar para as atividades rotineiras. Já o recém-nascido passa por um processo de adequação melhor à vida extrauterina durante o trabalho de parto. Estudos recentes apontam a diminuição de casos de asma em crianças nascidas por essa via de parto.
Fotos: Assessoria Semsa
Assessoria de Comunicação da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa): 92 3236-8315