Projeto transforma vidas de crianças e adolescentes com TEA na educação municipal de Manaus
01/07/2025 15h42


Em Manaus, um dos projetos voltados à inclusão é o “Reeducando para Incluir”, desenvolvido pela Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed). Voltado a crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), com idades entre 6 e 16 anos, o programa atende 60 estudantes da rede municipal de ensino, além de suas famílias, oferecendo acompanhamento multidisciplinar que promove o desenvolvimento integral por meio de ações voltadas ao corpo, à mente e ao afeto.
O projeto é desenvolvido nos Centros Municipais de Educação Especial (CMEEs) Yumi Odani, localizado no conjunto Vila Amazonas, na zona Sul, e Delano Almeida, situado no bairro de Flores, na divisa entre as zonas Centro-Sul e Norte de Manaus.
O projeto atua em quatro frentes interligadas: psicomotricidade aquática, circuitos motores, acompanhamento psicológico individual e atendimento emocional às famílias. A proposta é estimular o desenvolvimento motor e cognitivo, além de reeducar comportamentos e garantir suporte emocional em todas as esferas da vida do estudante.
De acordo com a diretora dos CMEEs, Rosana Hortêncio, o atendimento começa com uma triagem cuidadosa. A partir disso, as crianças são encaminhadas para os projetos especializados.
“Esses projetos fazem parte dos serviços que a Secretaria disponibiliza para a Educação Especial. Temos também as salas de recursos multifuncionais, que atuam junto às escolas regulares”, afirma a diretora.
O foco, segundo Rosana, é garantir que cada aluno tenha acesso às ferramentas de que precisa para se desenvolver com autonomia e dignidade.
Acompanhamento com intencionalidade
O atendimento é estruturado em sessões de 40 minutos, duas vezes por semana. O período inicial de permanência é de seis meses letivos, podendo ser prorrogado conforme os avanços observados pela equipe.
As famílias também recebem atenção especial. O suporte psicológico às mães, pais ou responsáveis contribui para o fortalecimento dos vínculos afetivos e para um ambiente doméstico mais acolhedor e harmonioso.
Esse cuidado faz toda a diferença na vida de Fernanda Corrêa, mãe de Deivid, de 9 anos, e Meghan, de 6. Ela conta que, antes do projeto, enfrentava muitas dificuldades para sair de casa com os filhos.
“Foi aqui que eu consegui o suporte que meus dois filhos com TEA precisavam. Eles evoluíram muito. O maiorzinho melhorou cerca de 80%, e a menorzinha, uns 60%”, relata Fernanda.
Ela lembra que não conseguia sequer entrar em um carro com os filhos. Hoje, já consegue levá-los ao supermercado e realizar tarefas cotidianas. “A menor já sabe ler, está aprendendo a escrever. E o comportamento dos dois melhorou demais”, completa.
Mudança no Cotidiano
Na linha de frente do atendimento, a equipe multidisciplinar acompanha de perto o progresso dos alunos. Cada criança recebe um plano de atendimento personalizado, adaptado às suas necessidades e às observações feitas pela equipe e pelas famílias.
A fisioterapeuta Maria Marques explica que o foco está em ajudar as crianças a desenvolverem comportamentos que favoreçam a permanência e a participação em sala de aula.
“Trabalhamos com crianças com TEA em diferentes níveis. Muitas chegam com dificuldades de socialização ou não conseguem aceitar comandos simples. Nosso trabalho é ajudar essas crianças a se sentirem seguras para interagir e aprender”, afirma a profissional.
Segundo ela, os resultados são observados ao longo do tempo, e os relatos positivos dos pais têm sido frequentes. “Cada criança é única. Por isso, planejamos com base na maior dificuldade que observamos e nos retornos que as famílias nos dão. A interação entre equipe e responsáveis é excelente. É gratificante ver o progresso de cada uma”, conclui.
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Texto- Alexandre Abreu/ Semed
Fotos – Clóvis Miranda / Semcom