Prefeitura capacita profissionais de saúde na coleta do exame preventivo em meio líquido
28/10/2024 15h04
Profissionais de saúde, da Prefeitura de Manaus, participaram, na sexta-feira, 23/8, de um curso com foco na técnica de coleta do exame preventivo em meio líquido. A atividade ocorreu como parte da “Jornada de Melhorias em Prevenção do Câncer do Colo do Útero”, promovida pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), nos meses de agosto e setembro, com o objetivo de fortalecer a prevenção e rastreio do tumor maligno, um dos tipos mais incidentes entre mulheres na região Norte.
Iniciado no dia 9 de agosto, o curso é voltado a enfermeiros e médicos da rede básica, proporcionando aos servidores recursos práticos e teóricos para realizar a coleta em meio líquido de forma segura e eficiente. Em torno de 200 profissionais devem passar pela formação, divididos em turmas semanais, sempre às sextas-feiras, na Unidade de Desenvolvimento Docente e Apoio ao Ensino (Uddae) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), no bairro Cachoeirinha, zona Sul.
A técnica da Divisão de Atenção à Saúde da Mulher, Vera Hoshiba, explica que a coleta do preventivo, ou citopatológico, é ofertada em todas as unidades de saúde municipais, sendo que 50 delas realizam o exame em meio líquido. A técnica foi implementada pela Semsa no ano passado, de forma pioneira, entre as capitais brasileiras, e seu uso vem sendo ampliado na rede básica de forma gradativa.
“O curso busca fortalecer a atuação dos profissionais na coleta em meio líquido, pois é um procedimento novo. Também traz informações sobre prevenção e rastreio do câncer uterino, visto que o conhecimento dos fluxos na atenção básica e um bom diagnóstico também são essenciais para um atendimento mais assertivo às usuárias”, explicou.
Conforme Vera, a citopatologia em meio líquido traz mais vantagens em relação à técnica tradicional, entre elas uma maior sensibilidade na análise das amostras, menor número de casos de falsos negativos e menor desperdício do material coletado.
“O objetivo do exame é detectar lesões precursoras do câncer do colo uterino, mas, a partir da amostra colhida, é possível ainda detectar infecções como clamídia, tricomoníase ou gonorreia, por exemplo”, acrescentou.
Teoria e prática
No curso, os participantes recebem informações sobre o panorama e a linha de cuidado do câncer do colo do útero e sobre a importância da qualidade da coleta para a interpretação do resultado. Também realizam atividades práticas, em simulador pélvico, com foco na técnica de coleta do preventivo em meio líquido.
Um dos facilitadores da capacitação, o citopatologista do Laboratório Municipal de Especialidades Professor Sebastião Marinho, Edson Gomes, aponta que mais de 60% das falhas no preventivo são relacionadas à coleta. Nesse sentido, são enfatizados no curso os critérios que os profissionais de saúde devem observar para uma coleta adequada.
“Além da coleta, reforçamos a atenção ao preenchimento correto da requisição e à coleta de dados clínicos e epidemiológicos da usuária, como reposição hormonal ou uso de anticoncepcional, por exemplo, que vão impactar no diagnóstico dado durante a análise no laboratório”, disse.
Edson, que é especialista em citopatologia ginecológica, assinala as melhorias para as usuárias que realizam o preventivo em meio líquido. “Além da maior sensibilidade no exame, há uma melhoria em relação à qualidade da amostra. Isso reduz o índice de amostras insatisfatórias e evita que as mulheres tenham de voltar para uma nova coleta”.
A enfermeira Carolina Souza, que atua na Unidade de Saúde da Família (USF) Parque das Tribos, na zona Oeste, foi uma das participantes do curso na sexta-feira, 23/8. Ela assinalou a importância da formação para o reforço das equipes de saúde, observando que, por ser um método novo, muitos profissionais sequer chegaram a conhecer o preventivo em meio líquido na faculdade.
“Nós já tivemos uma capacitação, mas essa atividade é mais específica, e está sendo enriquecedora. Esse conhecimento é essencial para nós, para que tenhamos uma atuação mais assertiva no diagnóstico precoce do câncer do colo do útero entre as mulheres, principalmente por ser um tipo que tem grande incidência no nosso Estado”, destacou.
A “Jornada de Melhorias em Prevenção do Câncer do Colo do Útero”, da Semsa, é realizada pela Divisão de Atenção à Saúde da Mulher, em articulação com a Escola de Saúde Pública de Manaus (Esap), Laboratório Municipal Professor Sebastião Marinho e Distritos de Saúde Norte, Leste, Oeste e Sul, com o apoio da UEA.
Prevenção e rastreio
O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é o tumor maligno de maior incidência entre a população feminina em Manaus, e o terceiro no Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
O exame preventivo, que permite detectar estágios pré-cancerosos da doença, é indicado para mulheres na faixa de 25 a 64 anos, de forma prioritária. O procedimento deve ser realizado a cada três anos, após dois resultados negativos em anos consecutivos.
O câncer do colo uterino é amplamente prevenível, tendo grandes chances de cura quando diagnosticado de forma precoce e tratado adequadamente.
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Texto – Jony Clay Borges / Semsa
Fotos – Divulgação / Semsa