Prefeito vai à Justiça cobrar por medidas mais duras contra o Sindicato dos Rodoviários
07/04/2014 17h21

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, classificou como abusiva a greve dos rodoviários, na manhã desta segunda-feira, 07, que afetou, aproximadamente, 900 mil usuários do sistema de transporte coletivo da cidade com a paralisação de 100% da frota nas primeiras horas do dia.
A Prefeitura, por meio da Procuradoria Geral do Município (PGM), ingressou com uma petição no Tribunal Regional do Trabalho (TRT- 11ª Região), pedindo penas mais rígidas ao sindicato da categoria. “Nós entendemos que é hora de atitudes mais enérgicas e, por isso, pedimos a ilegalidade da greve, o retorno imediato dos rodoviários ao trabalho e a ampliação da multa de R$ 100 mil por dia, determinada pelo TRT, para R$ 1 milhão, devido à abusividade da paralisação”, destacou o prefeito.
A petição do Município será analisada pelo TRT e, até o final do dia, o presidente David Alves de Melo Júnior deve anunciar se acata ou não o pedido da prefeitura. A greve dos rodoviários descumpriu uma liminar do órgão trabalhista que determinava a circulação de 70% da frota.
“O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Givanci Oliveira, alegou que não tinha sido notificado da liminar, expedida no sábado, 05, mas o fato se deve porque o mesmo não recebeu o oficial de Justiça. Mediante uma autorização para que qualquer representante do sindicato recebesse a intimação, expedida nesta manhã, a notificação foi cumprida e nada mais pode ser alegado”, explicou David Melo.
Além dos prejuízos sociais, a paralisação dos ônibus também afetou os serviços da Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp). Vários garis não tiveram como começar a varrição das ruas e nem a coleta de lixo porque não tiveram como chegar ao local de trabalho. O prefeito determinou que os veículos de apoio das outras secretarias fossem disponibilizados para fazer o transporte dos agentes de limpeza. Além disso, empresas de turismo também cederam micro-ônibus para que os garis chegassem à Semulsp mais rapidamente, minimizando o impacto à população.
Reajuste
Ainda pela manhã, o prefeito anunciou que garantirá o reajuste aos trabalhadores do transporte rodoviário, mas não de 20%, porque estaria acima da inflação. “Os rodoviários não querem perder o poder de compra e isso eu vou garantir, mas é impossível exigir 20% de reajuste, acima até da inflação que ultrapassará os 6%. Vou reajustar os salários dos rodoviários sem aumentar a tarifa, ao contrário do que se tem feito em outras cidades. É possível fazer as duas coisas sustentavelmente”, afirmou Arthur Neto.
O salário dos rodoviários é de responsabilidade das empresas do sistema de transporte coletivo que, conforme o prefeito, deverão conceder o dissídio coletivo, previsto para maio, sem que isso interfira no valor da tarifa.
Reunião
Ainda como parte das medidas relacionadas ao fim da paralisação dos ônibus, o prefeito Arthur Neto vai se reunir, no final da tarde desta segunda-feira, com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram) para tomar outras providências em relação ao assunto.
“Estou fazendo os corredores exclusivos, recapeando as principais vias por onde passam os ônibus. Estou fazendo o possível para melhorar o sistema. Não quero mais que motivos tolos e facilmente sanáveis sirvam de motivação para picaretagem sindical”, pontuou o prefeito.
Desde o ano passado, a Prefeitura e o Governo do Estado subsidiam o sistema de transporte coletivo para manter a tarifa de R$ 2,75. São R$ 700 mil, ao ano, repassados pela prefeitura às empresas de ônibus, mais R$ 12 milhões, também ao ano, subsidiados pelo Governo do Estado, que ainda concede isenção no licenciamento do IPVA.
Sistema normalizado
De acordo com a Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU), até o meio dia, metade da frota já estava circulando e a expectativa é que até o final da tarde todo sistema esteja normalizado. Durante a paralisação completa da frota, os Alternativos, que atendem a zona Leste, foram autorizados a trafegar até o centro da cidade.
REPORTAGEM: Alita Falcão / FOTOS: Arlesson Sicsú e Divulgação/TRT- 11ª Região