Educação patrimonial é etapa de licenciamento do parque Encontro das Águas
28/10/2024 14h18


Dando continuidade a uma série de licenciamentos urbanísticos e patrimoniais para a execução da obra do parque Encontro das Águas Rosa Almeida, da Prefeitura de Manaus, nesta quinta-feira (1º/8) e sexta-feira (2/8) aconteceram as aulas-oficinas da 1ª etapa do Programa Integrado de Educação Patrimonial. A etapa ocorre dentro do Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico (PGPA) no parque, que tem um trecho do sítio Daisaku Ikeda, com a temática “Arqueologia, Patrimônio Cultural e referências culturais da comunidade do território no parque”, das 8h às 12h.
A aula-oficina aconteceu no auditório do hospital Geraldo da Rocha, com o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), na praça Tancredo Neves, s/nº, na Colônia Antônio Aleixo, reunindo comunitários, convidados do grupo, estudantes e público geral interessado.
As ações de educação patrimonial fazem parte do processo de licenciamento do parque, feito pelo Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), consistindo no PGPA, atendendo instrução normativa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Amazonas.
Junto ao sítio Daisaku Ikeda está incluído o projeto de educação, que visa socializar o material constante do Relatório Final de Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico (Raipa), referente ao parque, tendo em vista a existência de vestígios arqueológicos na área diretamente afetada. Além das aulas-oficinas, será feito ainda um projeto de salvamento arqueológico na área afetada; e um projeto de monitoramento arqueológico durante a empreitada.
“A educação patrimonial é voltada para os comunitários do entorno do local alvo da futura obra, envolvendo a comunidade, os operários, os trabalhadores em geral, e as empresas que têm instalações e que agem no local da futura obra. O objetivo da educação patrimonial é despertar nos comunitários, nos agentes envolvidos, o conhecimento sobre esse patrimônio arqueológico, a legislação de proteção, e dizer a todos os envolvidos que é um patrimônio de todos os brasileiros, está dentro do direito difuso, e que existe um regramento de proteção”, explicou a arqueóloga Margareth Cerqueira, coordenadora-geral.
O projeto de educação vai mostrar que o patrimônio arqueológico existe, ele é tangível e é de todos. “Atuamos com uma equipe interdisciplinar, com arqueólogos, educadores, historiadores, entre outros. Estamos mobilizando os comunitários e fazendo as atividades específicas aprovadas pelo Iphan, que vão gerar um relatório denso”, completou Margareth.
Curso
Presente ao curso, a residente Júlia Maria Silva Soares, 54 anos, contou que a aula-oficina traz conhecimento a mais sobre o território para os moradores do Colônia Antônio Aleixo. “Tem muitas coisas que a gente não conhece e estamos bem pertinho, que não visitamos e não temos mais informações, como o sítio arqueológico e essa riqueza patrimonial”, disse.
Arqueóloga e educadora patrimonial, Angélica Moreira faz parte da equipe do Muiraquitã Arqueologia, contratada pela empresa vencedora da licitação para a construção do parque Encontro das Águas Rosa Almeida.
“Por lei federal, a gente tem o acompanhamento e salvamento arqueológicos do sítio Daisaku Ikeda, da parte oeste, nessa parte que está na área onde o projeto do parque vai ser implantado. Nosso objetivo é envolver a comunidade do entorno, mostrar o que está sendo feito em campo e também trocar conhecimento sobre o que eles têm de conhecimento e da própria vivência num lugar tão rico de referências culturais e do próprio patrimônio arqueológico”, comentou a arqueóloga.
Para a arqueóloga e educadora Carla Verônica, também da equipe do Muiraquitã, a importância do trabalho com as aulas-oficinas é levar conhecimento para que os populares possam identificar o patrimônio e ajudar a preservá-lo: “seja ele um sítio arqueológico, um bem tombado ou algo que consideram de extrema importância e relevância patrimonial”, afirmou Carla.
Obra
Para o licenciamento do parque Encontro das Águas, o Implurb apresentou o projeto arquitetônico junto ao Iphan-AM, que exigiu uma primeira etapa de estudos arqueológicos. Nessa fase, o projeto foi deferido e se constatou que se tratava de um sítio arqueológico, uma extensão do Daisaku Ikeda, com terra preta arqueológica, terra preta indígena, material cerâmico e material lítico, que são as ferramentas feitas de pedra. A segunda etapa consiste no PGPA, que inclui o resgate arqueológico.
A obra continuará com o acompanhamento de equipe de arqueologia. O licenciamento junto ao Iphan se soma aos licenciamentos urbanísticos e licenças complementares já obtidas para o cronograma de execução do projeto.
Niemeyer
O projeto original que envolve curvas em concreto é do renomado arquiteto Oscar Niemeyer (já falecido), tendo sido desenvolvido em 2005, no seu escritório no Rio de Janeiro, contendo um museu e um restaurante que totalizam 1.800 metros quadrados de área.
Passados mais de 19 anos, a proposta ganhou atualizações de engenharia, acessibilidade e arquitetura, expandindo o conceito para parque urbano, desenvolvido pelo Implurb, em 2021, totalizando uma área de implantação de 17.533,18 metros quadrados.
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Texto – Cláudia do Valle/Implurb
Fotos – Divulgação