Prefeitura estuda modais do Rio em busca de soluções para o transporte coletivo em Manaus
03/12/2014 15h33

Uma comitiva da Prefeitura de Manaus, coordenada pelo prefeito Arthur Virgílio Neto, está na cidade do Rio de Janeiro para conhecer as alternativas de transporte público implantadas no município, como parte do estudo de modais que está sendo realizado, para definir uma solução para Manaus. Nesta quarta-feira, 3, o superintendente municipal de Transportes Urbanos, Pedro Carvalho, e o diretor-presidente do Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização do Trânsito (Manaustrans), Paulo Henrique Martins, que integram a comitiva, visitaram o Centro de Controle Operacional do BRT Rio, na zona Oeste da cidade, implantada em parceria pelos governos municipal, estadual e federal.
Na avaliação do prefeito, os problemas que impediram que um sistema de grande porte fosse implantado em Manaus já estão superados. A prefeitura, agora, levanta dados para definir, juntamente com o Estado, a melhor solução para o transporte público da cidade e, também, para cobrar investimentos da presidente Dilma Rouseff.
“Os governos Estadual e Municipal não se entendiam, por isso os projetos não saiam do papel. No último governo, por exemplo, um defendia o BRT e outro o monotrilho. A briga foi prejudicial. Juntos, como já mostramos que podemos fazer nesta administração, o trabalho é muito mais operacional. O governo Federal precisa nos dar a mão”, explica Arthur Neto.
Durante visita às estruturas como o Terminal Alvorada, na Barra da Tijuca, que recebe ônibus do BRT e linhas alimentadoras dos bairros, a diretora de mobilidade urbana da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro, Richele Cabral, explicou que este problema nas cidades brasileiras deve ser atacado com fortes investimentos.
Para a implantação do Corredor TransCarioca – Aeroporto Internacional Tom Jobim e a Barra da Tijuca – a maior parte dos recursos teve como fonte o governo federal. A contrapartida dos governos estadual e Municipal foi de R$ 200 milhões. As desapropriações necessárias à implantação do corredor tiveram recursos da ordem de R$300 milhões.
“No Rio, o BRT tem 157 quilômetros com um investimento de R$ 5,6 bilhões de todos os governos. Só assim conseguimos uma boa eficiência, pois precisamos fazer muitas desapropriações e investir no que chamamos ‘obras de arte’, que são pequenas elevações, pontes, passagens de nível e até túneis. As desapropriações também encarecem bastante qualquer implantação de modal. No caso do BRT do Rio, em alguns lugares, como Madureira, tivemos que fazer muitas desapropriações em áreas de conturbação. Ou seja, a participação do governo federal é fundamental, diante do volume de investimentos necessário”, assinalou.
Para Paulo Henrique, é importante que o novo modal também contemple o trânsito de Manaus. No sistema do Rio, os investimentos foram liberados com intuito de melhorar tanto o tráfegos nas ruas quanto o transporte. Ele aponta que já existem projetos prontos para execução, como o da Avenida Constantino Nery, que espera apenas aporte financeiro para ser iniciado.
“Os corredores do Rio foram projetados para que os ônibus tenham prioridade sempre. Existe até um dispositivo dentro dos coletivos que, acionados em momentos específicos, mantém os semáforos abertos para que os ônibus cruzem. Os projetos que temos para a Constantino Nery, que tem faixa exclusiva para ônibus, eliminam semáforos e dão fluidez. Queremos implantá-los o quanto antes. O transporte e o trânsito não podem ser trabalhados separadamente”, afirmou o diretor.
CCO
No Centro de Controle, o representante do Consórcio BRT, Afonso Nunes, disse que os técnicos têm controle de todos os ônibus do sistema, o que permite adequar as linhas conforme a necessidade. O Centro de Controle Operacional do BRT Rio, inaugurado este ano, ocupa um espaço de 1,3 mil metros quadrados e funciona com 60 telões de alta resolução.
“Conseguimos ler o movimento da frota e gerar relatórios do atendimento ao usuário. Este sistema nos permite dar respostas mais imediatas”, apontou Afonso.
Levando a realidade para Manaus, Paulo Henrique disse que o CCO, hoje em operação na Darcy Vargas, será ampliado e modernizado. O telão terá tamanho de 15×6 e, além do trânsito, acompanhará o movimento de cada coletivo, que também será disponibilizado ao usuário por meio de aplicativo em celular. A construção será iniciada no ano que vem e tem custo orçado em R$ 18 milhões.
Monotrilho
Descartado no Rio de Janeiro por ter altos custos, o sistema de monotrilho também passou a não ser mais considerado opção para Manaus. Segundo Pedro Carvalho, estão em estudos opções como o próprio BRT, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) – em implantação no Centro do Rio – e o Veículo Leve sobre Pneus (VLP).
“O monotrilho tem custos operacionais muito altos, divide a cidade ao meio pela estrutura e encarece a tarifa. Não é prático e isso até mesmo a Justiça disse em Manaus. Nesta viagem pudemos ver o BRT funcionando bem e tiramos várias dúvidas. O que precisa é união dos governos. Estamos otimistas que isso aconteça quando definirmos o modelo com o Estado, finalizou.
Em breve técnicos do BRT do Rio de Janeiro devem ir a Manaus para ver de perto a realidade e auxiliar no modal a ser implantado na cidade.
Fotos: Divulgação/Semcom