Casarão Thiago de Mello reúne camadas do tempo e prefeitura mostra detalhes da reforma
26/02/2024 11h03
Contando histórias do início do século 19, com seus inúmeros casarios e palacetes, frutos de um apogeu da borracha vivido na capital, o casarão Thiago de Mello é uma prova de sucesso dos trabalhos da Prefeitura de Manaus de reabilitar o centro histórico com o programa “Nosso Centro”. E além da revitalização, com sua reforma, a gestão municipal ainda reformula espaços existentes, utilizando conceitos de sustentabilidade, dando novo uso a imóveis já existentes.
Na reforma do casarão, as camadas do tempo antigo, do presente e da tecnologia estão presentes, na manutenção de peças, como madeiras e telhado, e elementos contemporâneos, de iluminação, sistemas de lógica e energia, sem esquecer da acessibilidade universal.
Essa intrincada tarefa de trabalhar com as camadas do tempo resultou em um casario que teve sua originalidade de arquitetura única mantida, estimulando a preservação do patrimônio paisagístico e urbanístico de Manaus. E, além disso, seu futuro uso como lugar de exposição do acervo do poeta, jornalista e escritor Thiago de Mello, buscando reproduzir uma linha do tempo da sua vida e das suas paixões, entre elas a escrita e a cidade de Manaus, seu amor e memória, como escreveu em livro.
O prefeito David Almeida é um entusiasta da prioridade da gestão de reabilitar o Centro Histórico de Manaus. “São espaços públicos há muitos anos esquecidos e que voltarão a ser utilizados, como o antigo casario. Queremos promover a conexão das pessoas com a natureza e a cidade, com foco no desenvolvimento do turismo, lazer, esporte e, principalmente, na qualidade de vida da população”.
Com projeto arquitetônico desenvolvido pelo Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), o casario está nos últimos acabamentos para receber ocupação, após reforma na rua Bernardo Ramos, nº 66, Centro, com térreo e pavimento superior, que terão uma função de elo com a vida do poeta, reproduzindo, inclusive, cenas da sua vivência na casa construída em Barreirinha, sua terra natal na Amazônia.
O projeto vai dar ao espaço sala e salão de exposição, biblioteca, um café, um quarto Thiago de Mello, sala multiuso, área de administração, elevador e banheiros. A exposição permanente com a obra, vida e história de Thiago de Mello tem parceria com o Instituto Thiago de Mello, tendo à frente a filha do escritor, a produtora Isabella Thiago de Mello.
Detalhes
Sucupira, louro-puxuri e cedro-doce. Todas são madeiras que estão sendo usadas na obra do casario, dentro do programa “Nosso Centro”, lançado pelo prefeito David Almeida em 2021, com projetos emblemáticos.
Datado de 1908 e classificado como uma unidade de interesse de preservação de segundo grau, de acordo com decreto 7.176/2004, o casarão amarelo na Bernardo Ramos, uma das vias mais antigas da capital, abrigou um depósito da firma Sinfrônio & Cia.
“No piso, temos uma composição de tábuas de sucupira e de louro-puxuri, que vão formando uma paginação, e abaixo dele há um tipo de contrapiso, que servia como uma espécie de forro, para proteger de ruídos e sons, dando mais conforto ao ambiente. A recomposição só é feita nos trechos onde a madeira está muito danificada, sem possibilidade de recuperação, devido à ação do tempo, de chuvas, umidade e do abandono”, explicou o marceneiro Márcio José Braga de Souza, 47 anos, que trabalhou na reforma.
O casarão Thiago de Mello faz parte de um conjunto arquitetônico de grande relevância para a cidade, em razão da sua localização. Localiza-se em área de tombamento federal, na vizinhança de outros edifícios históricos como o casarão de São Vicente, Centro Cultural Óscar Ramos, Museu da Cidade de Manaus, praça Dom Pedro II, Casarão da Inovação Cassina, Palácio Rio Branco, dentre outros.
Nosso Centro
O casarão faz parte do programa “Nosso Centro”, compondo um quarteto das primeiras obras da intervenção, se somando ao mirante Lúcia Almeida, ao largo de São Vicente e ao píer turístico, que prometem ser um caso de sucesso na regeneração urbana e reabilitação do centro da capital.
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Texto e fotos – Claudia do Valle / Implurb