Samu Manaus promove capacitação em primeiros socorros em comunidade ribeirinha do rio Amazonas

Por Prefeitura de Manaus

30/05/2025 19h03

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comunidade ribeirinha

Profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), da Prefeitura de Manaus, realizaram uma capacitação em primeiros socorros para trabalhadores da saúde e moradores da comunidade ribeirinha Jatuarana, situada na margem esquerda do rio Amazonas, a 1 hora e 40 de distância da zona urbana da capital, na quinta-feira, 29/5. As equipes do serviço, gerenciado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), orientaram os participantes sobre procedimentos e condutas para atenção inicial a pessoas em situações de risco à vida.

O treinamento na localidade, com população estimada de 340 pessoas, foi realizado na escola municipal Profª Elizabeth Ferreira e teve a participação de profissionais da Unidade de Apoio Rural Jatuarana, também gerenciada pela Semsa, ao lado de alunos, professores e comunitários. Eles receberam noções teóricas e práticas para identificar e avaliar cenários de risco, realizar procedimentos básicos para preservação da vida e fazer relatos qualificados nos chamados ao serviço de urgência.

A chefe do Núcleo de Educação em Urgência do Samu, enfermeira Lêda Sobral, aponta que a capacitação dos comunitários é importante para que pessoas vítimas de acidentes e outras ocorrências recebam um cuidado inicial adequado até a chegada da ajuda especializada do serviço, e tenham com isso uma maior chance de sobrevida.

“Numa situação crítica, é fundamental que quem esteja no lugar possa prestar o primeiro atendimento correto e seguro, para que a pessoa sobreviva com um mínimo de sequelas. Considerando a distância, a dificuldade de acesso, as situações de cheia e seca, isso é essencial”, observa a gestora.

O conteúdo programático do treinamento incluiu noções e primeiros socorros em casos de desmaios e convulsões, além de traumatismos físicos, como ferimentos, fraturas, luxações, entorses e distensões. Os participantes realizaram também atividades práticas com manequins, para simulação de técnicas de desobstrução em casos de engasgo e de reanimação cardiopulmonar (RCP) em paradas cardiorrespiratórias, além do transporte e imobilização de vítimas em prancha de resgate.

Conforme a chefe de apoio da Unidade Jatuarana, Nerilene Norte, a equipe do estabelecimento, formada por agentes comunitários de saúde e de controle de endemias (ACSs e ACEs), já presta suporte em casos de urgência, fazendo o contato e relato da situação ao Samu pelo 192. Ela avalia a iniciativa do serviço municipal como um marco para a comunidade, garantindo uma atuação mais assertiva das equipes de saúde, bem como dos comunitários, nesse tipo de ocorrência.

“Muitas vezes as pessoas não sabem como buscar ajuda e relatar casos de urgência. Esse curso, alcançando mais pessoas, vai ter um impacto positivo na questão dos acionamentos do Samu e do cuidado da população com a prestação de socorro até a chegada da ambulância”, assinala a servidora.

Uma das participantes do treinamento, a ACS da Unidade Jatuarana, Aldeneide Lima, relata que já houve casos de óbito na localidade pela falta de suporte de primeiros socorros e demora na busca pela ajuda do Samu. Para ela, que tem formação técnica em enfermagem, o curso vai ajudar os moradores a reconhecer quando alguém necessita de socorro e também a prestar atendimento imediato.

“E nós, que atuamos na prevenção e promoção da saúde, vamos seguir levando os conhecimentos que recebemos aqui para mais moradores, para que eles possam buscar ajuda e saibam como agir numa hora de emergência”, informou.

Outra participante do curso, a estudante Samily Seabra, de 15 anos, conta que vivenciou uma situação de urgência quando sua avó sofreu um engasgo, e na época não sabia como agir. A idosa, ela lembra, foi hospitalizada e, felizmente, sobreviveu. “No curso aprendi como fazer o procedimento de desengasgo e me sinto mais preparada. Quando ocorrer a situação de alguém passando mal, já sei como ajudar”.

Cobertura

Jatuarana é uma dentre 45 comunidades ribeirinhas atendidas pelo Samu Manaus, situadas numa faixa de 200 quilômetros ao longo dos rios Negro e Solimões. Ao todo, quatro lanchas atuam no atendimento de ocorrências nessas localidades, duas delas equipadas para suporte básico à vida e duas para suporte avançado, a partir da base do serviço situada no porto do São Raimundo, na zona Oeste da capital.

O chefe de Transporte Fluvial do Samu, Diego Lucas Pereira, relata que os chamados para atendimento nas áreas ribeirinhas, assim como nas áreas urbana e rural terrestre, são feitas pela Central de Regulação do serviço, no número 192. A remoção dos usuários, informa ele, é feita por um dos locais de acesso fluvial na zona urbana, como os portos do Ceasa e São Raimundo ou a marina do David, de onde são transferidos para ambulâncias do serviço e levados a uma unidade hospitalar.

“Um dos desafios do serviço fluvial é a distância, pois há comunidades em que podemos levar até cinco horas no trajeto de ida e volta. Em alguns locais, há ainda dificuldades de estrutura para o desembarque das equipes e retirada dos pacientes”, observa Diego.

O clima, complementa o gestor, é outro desafio recorrente para as equipes de socorro fluviais. Além de intempéries, como tempestades e chuvas intensas, as secas dos rios isolam e dificultam ainda mais o acesso a algumas comunidades. Nos casos mais graves, o Samu busca o apoio do Departamento Integrado de Operações Aéreas (Dioa), da Secretaria Estado de Segurança Pública do estado (SSP-AM).

“Quando não condições da lancha chegar ao local, solicitamos suporte do Dioa para transporte por helicóptero, que vai com uma equipe de médicos e enfermeiros para buscar aquele paciente”, informa.

Educação em urgência

O Samu Manaus desenvolve regularmente atividades de educação em saúde junto a instituições públicas e privadas, grupos e comunidades, além da capacitação e atualização de profissionais do serviço móvel e da saúde municipal, por meio do Núcleo de Educação em Urgência. As ações alcançam tanto profissionais como leigos, da rede municipal ou de outros órgãos, esferas e instituições, como empresas, associações, hospitais, igrejas, entre outras.

Lêda Sobral enfatiza o trabalho do núcleo na formação de profissionais da educação, atendendo à chamada Lei Lucas, Lei 13.722, de 4 de outubro de 2018, que tornou obrigatória a capacitação dos servidores de estabelecimentos de ensino públicos e privados em noções básicas de primeiros socorros.

“Iniciamos nessa semana o terceiro ano da capacitação de professores das escolas municipais, onde treinamos quase 3 mil profissionais, e também já trabalhamos com profissionais da rede estadual, para que eles saibam atender as crianças em situações emergenciais”, informa.

O alcance do serviço, assinala a gestora, vai ainda além da capital, na medida em que núcleo de Educação em Urgência promove também capacitações e cursos para equipes de atendimento pré-hospitalar e intra-hospitalar em outros municípios do Amazonas.

“Estamos também iniciando uma nova etapa, a partir do dia 8 de junho, com a realização de uma capacitação em Rorainópolis, em Roraima. Passamos dos nossos muros e estamos levando nossa expertise e apoio a profissionais de outros estados também”, conclui.

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Texto – Jony Clay Borges / Semsa

Fotos – Antônio Pereira / Semcom

Disponíveis em – https://flic.kr/s/aHBqjCg2Nk