Um Patrimônio Cultural a Serviço da Comunidade
A Biblioteca Municipal João Bosco Pantoja Evangelista, localizada no Centro Histórico de Manaus, é um importante espaço de incentivo à leitura, pesquisa e cultura. Criada pela Lei nº 971 de 02 de janeiro de 1964 e pelo Decreto nº 27 de 12 de março de 1975, desde a sua fundação, ocupou diferentes prédios públicos até que, em 1997, conquistou sua sede definitiva.
A Biblioteca João Bosco Pantoja Evangelista recebeu esse nome em homenagem a um dos mais importantes intelectuais do Amazonas. Professor, escritor, poeta e jornalista, João Bosco Pantoja Evangelista foi uma figura central na cultura amazonense, ajudando a moldar o cenário literário e intelectual da região. Sua atuação foi fundamental para o fortalecimento da literatura local, sendo um dos fundadores do Clube da Madrugada e da União Brasileira de Escritores – Seção Amazonas (UBE/AM).
O Clube da Madrugada, criado em 1954, foi um dos movimentos literários mais significativos do Amazonas. Em uma época em que a literatura local estava estagnada, um grupo de jovens escritores e intelectuais, entre eles João Bosco Pantoja Evangelista, reuniu-se para renovar a produção literária, trazendo novas ideias e rompendo com o academicismo tradicional. O grupo se encontrava nas madrugadas de Manaus para debater poesia, literatura e arte, influenciando gerações futuras de escritores amazonenses.
Além disso, Evangelista teve um papel crucial na criação da UBE/AM, uma instituição voltada para a valorização e defesa da literatura brasileira, com foco especial na produção regional. Como jornalista, ele também contribuiu para a divulgação da cultura amazônica, publicando crônicas, artigos e poemas em diversos veículos de comunicação.
A escolha de seu nome para batizar a biblioteca não foi apenas um reconhecimento de sua vasta contribuição intelectual, mas também uma forma de manter viva sua memória e seu legado. Afinal, uma biblioteca é um espaço de conhecimento, aprendizado e preservação da cultura – valores que João Bosco Pantoja Evangelista defendeu ao longo de sua vida. Dessa forma, seu nome não apenas identifica o local, mas simboliza a continuidade de seu trabalho em prol da literatura e da cultura amazonense.
Histórico da edificação
A atual sede da biblioteca tem grande valor histórico. O prédio foi inaugurado em 1908 como sede da Liverpool School of Tropical Medicine, a primeira instituição do mundo dedicada à pesquisa e ao ensino em medicina tropical. No início dos anos 1980, o local tornou-se um dos bares mais populares da cidade, o Pinguim. No entanto, a edificação foi desapropriada em1995, por meio do Decreto nº 2.955 de 23 de agosto de 1995. Após passar por uma ampla reforma, tornou-se a sede oficial da biblioteca municipal em 1997.
Entre maio de 2019 e maio de 2020, o prédio passou por uma nova restauração e foi reinaugurado no dia 22 de dezembro de 2020. Contudo, devido à pandemia da Covid-19, precisou ser temporariamente fechada ao público. A reabertura oficial ocorreu em 15 de julho de 2021, sob a gestão da Prefeitura de Manaus, por meio da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), com o lançamento do livro Céu e Flor – o romance de dona Theresa, do poeta Elson Farias. Desde então, a biblioteca segue aberta, oferecendo um espaço cultural essencial para a população.
Curiosidades sobre a sede da biblioteca pública
A Sorveteria e Bar Pinguim, localizada no Centro Histórico de Manaus, desempenhou um papel significativo na vida social da cidade durante as décadas de 1970 e 1980. Situada ao lado do extinto Bar Pinguizão e em frente à Praça do Congresso, tornou-se um ponto de encontro popular, especialmente entre estudantes e jovens.
Inaugurada em 1973, a sorveteria rapidamente se destacou como um local de convivência e lazer. Em 31 de agosto daquele ano, foi inaugurado um luxuoso salão de drinques, refeições e dança, com entrada pela Rua Monsenhor Coutinho, nº 529. Este espaço oferecia um ambiente seleto onde as famílias amazonenses podiam se divertir com hospitalidade, paz e alegria.
Durante os anos 1980, a Sorveteria Pinguim manteve sua popularidade, atraindo estudantes do Instituto de Educação do Amazonas (IEA) e do Instituto Benjamin Constant (IBC). O local era conhecido por seus sorvetes tipo carioca (casquinha), acessíveis aos bolsos dos estudantes. Além disso, o entorno da Praça do Congresso era considerado bonito, e a sorveteria servia como ponto de encontro e paquera para os jovens da época.
Com o passar dos anos, o prédio que abrigava a Sorveteria e Bar Pinguim passou por transformações. Após o encerramento das atividades do estabelecimento, o edifício foi desapropriado em 1995 e, após reformas, tornou-se a sede da Biblioteca Municipal João Bosco Pantoja Evangelista em 1997. Embora a sorveteria não exista mais, sua memória permanece viva entre os manauaras que frequentaram o local durante suas décadas de ouro.
Acervo e serviços
A Biblioteca Municipal João Bosco Pantoja Evangelista conta com um acervo de aproximadamente 36 mil exemplares, distribuídos em diferentes coleções:
- Obras Gerais
- Temáticas Amazônicas e escritores locais
- Infantojuvenil
- Multimeios
O espaço é voltado para atender o público em geral, incluindo um espaço Kids para crianças. Os serviços disponíveis incluem pesquisa bibliográfica, consulta local, empréstimo de livros, salas para estudo individual e em grupo, cabines equipadas com computadores, acesso à internet via Wi-Fi e uma sala de projeção. Além disso, a biblioteca promove atividades culturais, como lançamentos de livros, saraus, palestras, oficinas e encontros culturais, sendo um importante ponto de encontro para escritores, pesquisadores e leitores.
Importância do apoio da Prefeitura e da Manauscult
O papel da Prefeitura de Manaus, por meio da Manauscult, é fundamental para garantir o pleno funcionamento e a valorização da biblioteca pública. O investimento na manutenção, modernização do acervo e promoção de atividades culturais fortalece a democratização do acesso à informação e à cultura. Espaços como a Biblioteca Municipal João Bosco Pantoja Evangelista são essenciais para a formação intelectual da população e para a preservação da memória literária do Amazonas.
Informações e contato
- Localização: Centro Histórico de Manaus
- Endereço: R. Monsenhor Coutinho, 529 - Centro, Manaus - AM, 69010-110 (em frente à Praça Antônio Bittencourt, conhecida como Praça do Congresso)
- Telefone: (92) 3215-4615
- E-mail: bibliotecajoaobosco@gmail.com
- Funcionamento: Segunda a sexta-feira, das 9h às 17h
- Acesso: Público mediante cadastro na recepção
- Acessibilidade: Elevador e piso tátil
Com uma estrutura moderna e uma história rica, a Biblioteca João Bosco Pantoja Evangelista continua sendo um dos principais centros culturais de Manaus, contribuindo para a educação e o desenvolvimento social da cidade.
Texto: Jéssica Trajano
Fotos: Thelson Souza