Profissionais de saúde discutem estratégias de atendimento direcionadas à população negra

Por Prefeitura de Manaus

03/12/2014 14h05

Icone audio

negro02

O acolhimento da população negra nos serviços de saúde foi um dos temas abordados no I Seminário de Promoção à Saúde da População Negra, promovido pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) nesta quarta-feira, dia 03, no miniauditório Paulo Freire, no Centro Técnico do Poder Legislativo na Assembleia Legislativa. O evento foi direcionado para 100 profissionais da Estratégia Saúde da Família.

 

O secretário municipal de Saúde, Homero de Miranda Leão, explica que o seminário é mais um passo na implementação das ações da Política de Saúde da População Negra na Atenção Primária, promovendo uma reflexão e um diálogo entre profissionais de saúde, gestores e representantes do controle social na discussão das questões inerentes ao assunto.

 

“O Sistema Único de Saúde (SUS) preconiza a atenção às questões étnicas e a raça negra apresenta algumas peculiaridades em saúde como uma maior tendência a doenças como o glaucoma, diabetes, hipertensão e a anemia falciforme. Além disso, há as questões históricas e sociais que, infelizmente, estão relacionadas ao racismo e discriminação. E por tudo isso é importante que o profissional de saúde esteja sempre atento a todas essas questões durante o acolhimento da população negra nas unidades de saúde”, destacou Homero de Miranda Leão.

 

O seminário abordou o tema “Promovendo a equidade na Atenção à Saúde”, focando principalmente em Racismo Institucional e a Anemia Falciforme. Também foram realizadas palestras sobre “Triagem Neonatal”, “Tratamento odontológico em pacientes com anemia falciforme” e “Política e acompanhamento dos portadores de anemia falciforme”. As palestras foram ministradas por profissionais da Semsa, da Secretaria de Estado da Saúde (Susam) e da Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam).

 

“Além de promover uma reflexão entre os profissionais de saúde sobre a discriminação, preconceito e racismo que ainda existem, muitas vezes de forma disfarçada, o seminário é uma forma de dar visibilidade para a necessidade de se oferecer uma atenção diferenciada à população negra. Os relatórios do Ministério da Saúde mostram que as mulheres negras fazem um número menor de consultas de pré-natal do que as mulheres brancas e a mortalidade infantil é a maior entre as crianças negras. E os serviços de saúde devem levar questões como essas em consideração no momento do atendimento”, alertou a chefe do Núcleo de Saúde do Homem e Grupos Especiais da Semsa, Josilda Souza.

 

Um dos temas discutidos no seminário foi o Racismo Institucional, abordado pela professora e assistente social Arlete Anchieta, da Universidade Dom Bosco e representante do Fórum Permanente de Afrodescendentes do Amazonas. Segundo ela, racismo institucional é aquele que faz com que os serviços não cheguem até a população negra. “Por muito tempo se falou que brasileiro não era racista, mas a verdade é que existe sim o preconceito, muitas vezes velado e escondido. Quando esse problema se manifesta dentro de instituições que devem oferecer serviços para a população, acaba prejudicando diretamente as pessoas que mais precisam. Isso é mais preocupante dentro dos serviços de saúde, quando atinge a pessoa em um momento em que está mais fragilizada nos seus aspectos físicos e emocionais”, afirmou a professora.

 

Anemia Falciforme

 

O seminário também serviu para atualizar os profissionais sobre a Anemia Falciforme, doença genética, hereditária e crônica, que atinge de forma predominante a população negra. É uma doença hematológica com alteração da hemoglobina e não tem cura, exigindo acompanhamento médico rigoroso para evitar maiores complicações ou a morte do paciente.

 

O coordenador do programa de Anemia Falciforme do Hemoam, Evilásio Cardoso, promoveu uma palestra sobre a doença e informou que o Amazonas tem cadastrados no programa 260 pacientes, sendo que no Brasil o número chega a 30 mil pacientes. “Os profissionais de saúde precisam conhecer o programa que oferece tratamento a nível ambulatorial e de internação para os pacientes, por meio de uma equipe multidisciplinar formada especificamente para atendes portadores da anemia falciforme”, destacou Evilásio Cardoso.

 

Reportagem: Eurivânia Galúcio

Fotos: José Nildo/Semsa

 

Departamento de Comunicação da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa): 92 3236-8315 / 98842-8370